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Investindo com o dinheiro do mercado

Investindo com o dinheiro do mercado: como transformar um cartão de supermercado em capital próprio renda extra com revenda Por Dante Reverso, cronista do Finaxa

SÁTIRAS E CRÔNICAS

Colunista: Dante Reverso

9/19/20254 min ler

O sistema financeiro, como eu gosto de dizer, adora construir muros invisíveis. Ele quer que você acredite que só quem tem capital consegue investir. Mas os muros têm frestas — e às vezes essas frestas estão bem debaixo do nosso nariz, no caixa do supermercado.

Logo me veio à mente uma comparação simples: no atacado e no varejo, os produtos custam menos. Sempre custaram. Televisores, eletrodomésticos, air fryers, pneus, até pequenas misteiras — se comprados em volume ou na loja certa, saem por valores que fazem o preço do supermercado parecer um absurdo.

Foi nesse instante que a ideia nasceu, clara como a luz fluorescente sobre o corredor de detergentes: e se eu usasse o cartão do supermercado como uma ferramenta de investimento?

Investindo com o dinheiro do mercado

Estava no supermercado, como sempre, pagando minha compra à vista. Nada de parcelamento, nada de cartão extra. Apenas eu, o carrinho e o barulho familiar das gôndolas. Aquele cheiro de pão fresco, a conversa dos funcionários, o tilintar das moedas no caixa. Mas naquele dia, algo me chamou atenção. O atendente, com um sorriso quase ensaiado, me ofereceu o cartão do supermercado.

Normalmente recuso. Sempre recuso. Cartão é armadilha, eu penso. Mas algo naquele instante me fez parar e refletir: e se esse cartão não fosse apenas mais um meio de endividamento, mas uma porta de oportunidade?

Pense bem: o cartão funciona, pode ser dividido em 12x. Se algo não vender no mesmo mês, o impacto financeiro é contido. Se vender, o lucro é imediato, e o capital gira. Comprar produtos de alta demanda com desconto, revender, quitar o cartão à vista, repetir o ciclo. Um investimento com risco calculado, e o melhor: com o dinheiro do próprio supermercado.

E aqui está a beleza da coisa: qualquer pessoa pode fazer isso. Não importa se seu nome está sujo, se você só tem R$100 ou se nunca comprou nada além do básico no mercado. Muitos supermercados liberam crédito até para quem está negativado. E é exatamente aí que mora a oportunidade.

Comecei pequeno, confesso. Uma misteira de R$100. Pouco, quase simbólico, mas suficiente para testar o fluxo. Comprei, revendi, paguei o cartão. O ciclo era simples, mas a lição era profunda: o capital não está no banco, não está na conta, ele está na ação.

No mês seguinte, aumentei a aposta. Um pequeno eletrodoméstico, uma air fryer. A margem não era absurda, mas era suficiente para perceber que o sistema pode ser vencido com inteligência, observação e paciência. Cada ciclo me ensinava mais sobre preço, demanda e timing. Aprendi a calcular rapidamente o risco de um produto não vender, a identificar itens que sempre têm saída, a negociar com pequenas lojas que não conhecem os segredos do atacado.

A cada compra, a cada revenda, a cada pagamento do cartão, a sensação era a mesma: eu estava transformando uma ferramenta de consumo em um motor de capital próprio. O cartão, antes inimigo, tornou-se aliado. O supermercado, antes uma rotina diária, tornou-se um campo de oportunidades silenciosas.

E aí vem a lição que quase ninguém percebe: não se trata apenas de revender produtos. Trata-se de compreender fluxo de caixa, margem, risco e oportunidade. Trata-se de olhar para algo que todos veem como trivial — o crédito do supermercado — e perceber que ele pode ser o ponto de partida para algo maior.

Com o tempo, os valores cresceram. Pneus, televisores, eletrodomésticos maiores. Cada vez que fechava o ciclo, não era só dinheiro que eu ganhava: era confiança. Confiança de que qualquer pessoa, mesmo começando com pouco, mesmo em desvantagem aparente, pode criar capital próprio se souber onde olhar.

E é aí que o Dante Reverso gosta de cutucar: o sistema quer que você fique olhando para fora, esperando oportunidades aparecerem. Mas as oportunidades verdadeiras estão debaixo do seu nariz, disfarçadas de rotina, de pequenas decisões diárias. O crédito que muitos consideram armadilha, você pode transformar em alavanca. O supermercado que você visita todo mês, você pode transformar em fonte de capital. E aquele produto que parece banal — a misteira, o eletrodoméstico, o pneu — pode ser seu primeiro passo rumo à independência financeira.

Claro, nada disso é mágica. Nada disso é sem risco. Nem todos os produtos vão vender. Nem todas as pessoas conseguem identificar a demanda certa. Mas o que diferencia quem cresce do quem apenas consome é simples: ação consciente e repetição estratégica. Cada ciclo é um aprendizado, cada revenda é uma lição. O cartão do supermercado não cria riqueza sozinho; você cria riqueza ao usar o cartão de forma inteligente.

E aqui vai outra verdade que poucos contam: muitas pessoas têm medo de começar pequeno. Acham que R$100 não é nada. Que um único eletrodoméstico não vale o esforço. Mas o Dante Reverso insiste: comece onde estiver, com o que tiver. Pequenas ações, repetidas, constroem grandes resultados. É o poder da escala aplicada à vida real, no mundo que você já conhece, no mercado que você já frequenta.

No final das contas, a lição é clara: o capital inicial nem sempre está guardado no banco. Muitas vezes, está em sua percepção, em sua coragem e em sua capacidade de enxergar oportunidades onde outros veem rotina. O crédito do supermercado é apenas um instrumento, um reflexo de que o sistema, mesmo com todas suas barreiras, oferece frestas para quem observa e age.

E a pergunta que fica para você, leitor: quantas oportunidades já passaram diante dos seus olhos sem que você percebesse? Quantas frestas foram ignoradas porque você acreditava que o capital inicial precisa ser grande, ou que crédito é apenas dívida? O supermercado não é só lugar de compras; pode ser o ponto de partida de um ciclo financeiro que, bem conduzido, leva ao seu capital próprio.

Então vá, observe, experimente. Comece pequeno, com R$100, com uma misteira, ou um eletrodoméstico simples. Pague à vista, revenda, quite o cartão, e repita. Cada ciclo é um degrau, cada revenda é um passo, e cada ação consciente constrói algo que ninguém pode tirar: sua autonomia financeira.

O Dante Reverso sempre diz: oportunidades não esperam por você, mas o sistema sempre deixa uma fresta. Cabe a você enxergá-la e atravessá-la.